PILATES Pró Atividade | Pilates ganha a preferência dos idosos
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Pilates ganha a preferência dos idosos

Pilates ganha a preferência dos idosos

Natação, caminhada, aeróbica e boxe. Essa era a rotina do empresário aposentado Edson Ferreira Bastos, 65, quatro anos atrás, quando dois edemas cerebrais paralisaram o lado direito do seu corpo. Desde então, Bastos se dedica três vezes por semana à prática de Pilates. “É um milagre. Hoje eu posso fazer qualquer movimento sem muito esforço. Estou praticamente curado”, diz.

A professora aposentada Anna Maria Valls de Souza, 72, também é adepta. Ela, que já fez aulas de jazz, dança e alongamento, mas cansou-se de ter de seguir o ritmo do grupo, decidiu que precisava de uma atividade que respeitasse suas limitações de movimentação e seu marcapasso. Há três anos faz Pilates, três vezes por semana, e comemora os resultados: as dores nas articulações melhoraram e a flexibilidade aumentou.

Já para as empresárias Betty Notari, 56, e Constança Carvalho, 63, que nunca gostaram muito do que elas chamam de “esquema chato” das academias de ginástica nem de suar e se cansar muito, o Pilates foi a alternativa ideal. “Nunca tive tanta flexibilidade”, diz Carvalho. “Além de ser um excelente exercício, tem o papo”, completa Notari, se referindo ao “Chá das 11”, nome do grupo formado pelas duas, Anna Maria e outras três colegas para fazerem as sessões juntas.

Histórias como essas já se repetem aos montes nas academias e estúdios que ensinam Pilates no país. O método, que chegou ao Brasil no início dos anos 90 e fez sucesso inicialmente no restrito universo do balé, virou febre entre celebridades e hoje tem cada vez mais adeptos entre os que não podem ou não querem aderir à malhação tradicional, seja por causa da idade, problemas e limitações físicas ou simplesmente por não gostarem de música alta, repetições infindáveis, falta de atenção individualizada e clima de academia.

Benefícios

Instrutores e especialistas ouvidos pelo Equilíbrio afirmam que não há contra-indicações para a prática de Pilates.

O método, criado na Primeira Guerra Mundial pelo alemão Joseph Pilates (1880-1967), bebe na fonte da ioga, da meditação e dos exercícios gregos e romanos, entre outros, e se baseia em concentração, respiração, alinhamento, controle de centro, eficiência e fluência de movimento.

Os exercícios, feitos no solo ou em equipamentos que usam molas para oferecer assistência e resistência ao movimento, nunca são repetidos mais que dez vezes e são realizados com foco na respiração correta e na postura, onde a ênfase fica por conta da contração do abdômen e dos glúteos.

As sessões são individuais ou em grupos pequenos, para que as séries possam ser adaptadas às necessidades e limitações de cada praticante, e o instrutor possa dedicar atenção à qualidade dos movimentos, que importa mais do que a quantidade. Os resultados de todo esse cuidado são sentidos em no máximo 30 sessões, dizia o próprio Pilates.

Mais força, maior controle muscular, melhor capacidade respiratória e melhor circulação, maior flexibilidade, musculatura mais alongada, tonificada e definida, postura mais correta, mais consciência corporal, maiores equilíbrio e coordenação, alívio do estresse, da fadiga e de dores musculares e melhor saúde das articulações são alguns dos ganhos enumerados por três das pioneiras do Pilates no país: Inélia Garcia, do Studio Pilates, em São Paulo; Teresa Camarão, do estúdio que leva seu nome no Rio de Janeiro; e Alice Becker, do Physio Pilates, em Salvador. Tudo em benefício dos mais idosos ou de quem tem algum problema de saúde que causa limitações físicas. “O maior equilíbrio muscular possibilita realizar com mais conforto as tarefas do dia-a-dia. Dá mais energia”, diz Garcia.

“O respeito aos limites do corpo evita lesões e desgaste físico; a respiração correta aumenta a capacidade pulmonar e melhora a circulação; e o trabalho individualizado permite corrigir desvios posturais, trabalhando mais determinados músculos que outros. Isso é bom para todos, desde o esportista que não quer se machucar, até quem está se recuperando de um derrame”, afirma Camarão.

Mesmo quem sempre resistiu à ginástica tradicional hoje já freqüenta as academias em busca da “reorganização” da musculatura do corpo. É o caso da decoradora Naicyr Salles de Lima, 60, praticante de Pilates em São Paulo há dois anos.

Sem a euforia dos instrutores e dos praticantes, o geriatra e colunista da Folha Wilson Jacob Filho, 51, ressalta que o Pilates não deve ser caracterizado como melhor que outras atividades físicas. “Tudo depende do objetivo que se busca”, diz. O Pilates, por exemplo, não é um bom exercício aeróbico e não ajuda a perder peso.

Os estúdios costumam solicitar exames médicos ou atestados que mostrem que o futuro aluno está apto a praticar Pilates. Se houver algum problema preexistente de saúde, ele deve ser comunicado ao instrutor para que os exercícios sejam adaptados.

Fonte: Folha Online- 25/11/2004